Eu
peneiro o espírito e crivo o ritmo
Do
sangue no amor, o movimento para fora
O
desabrigo completo. Peneiro os múltiplos
Sentidos
da palavra que sopra a sua voz
Nos
pulsos. Crivo a pulsação do canto
E
encontro
O
silêncio inigualável de quem escuta
Eis
porque as minhas entranhas vibram de modo igual
Ao
da cítara
Eu
peneiro as entranhas e encontro a dor
De
quem toca a cítara. A frágil raiz
De
quem criva horas e horas a vida e encontra
A corda mais azul, a veia inesgotável
De
quem ama
Encontro
o silêncio nas entranhas de quem canta
Eis
porque o amor vibra no espírito de quem criva
O
músico incompleto peneira a ideia das formas
Eu
sopro a água viva. Crivo
O
sofrimento demorado do canto
Encontro
o mistério
Da
cítara
Daniel Faria, in "Dos Líquidos"
Ilustração by Juliano Lopes
Belo poema.
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